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Devemos esperar por 2022?

por unidadepopular

  5 de Setembro de 2021

Vivemos num desgoverno fascista, que mata os trabalhadores com arrocho salarial, aumento dos preços dos alimentos, despejos forçados, chacinas e com a Covid. De fato, Bolsonaro negou um auxílio emergencial digno e jogou os trabalhadores nos ônibus e metrôs lotadas, confinados nas empresas, sendo responsável por milhões de infectados e milhares de mortes.

Mesmo assim, alguns dizem que é melhor esperar as eleições de 2022 para tirar Bolsonaro da Presidência. Nós pensamos de outra maneira. E por quê?

1. Primeiro porque vivenciamos um período de golpe institucional, golpe realizado com apoio do imperialismo e do capital financeiro dos EUA, que instaurou um governo de generais e de banqueiros. Por entender que foi um golpe, logo, não vivemos numa democracia plena.

2. Este governo de viés fascista não é democrático e não pretende jogar no terreno das instituições, da liberdade de expressão, liberdade de imprensa. Joga para a destruição da cultura e da educação como projeto.

3. Bolsonaro já ultrapassou os limites da democracia liberal, apontou as armas contra os poderes do STF e do Congresso Nacional. Realiza uma guerra híbrida contra a democracia, promovendo fake news, sabotagens, corrupção e chantagens.

4. Dessa maneira, para defender a liberdade e os direitos do povo que estão sendo roubados, precisamos reverter o golpe em todas as suas dimensões. Os fascistas querem governar sem a democracia, com a violência e sem oposição. Devemos contrapor isso com o poder e a força do povo.

5. O poder do povo, da maioria, é o poder que deve se expressar nas ruas. Somente com o Povo na Rua podemos reverter o golpe, a correlação de forças e assegurar o julgamento exemplar dos fascistas. Assim, também conseguiremos reverter as reformas contrárias aos interesses populares e da nação brasileira.

6. Devemos compreender que a política de Frente Ampla com os neoliberais, de esperar pelas eleições de 2022, é ilusória e tem se demonstrado um caminho ao fracasso. Primeiro porque os neoliberais são aliados chapa branca do fascismo, uma vez que defendem a mesma política econômica. Segundo porque o fascismo não disputa no terreno do voto, mas sim no terreno da força.

7. Também é evidente que não foram as campanhas eleitorais prévias que derrubaram a popularidade de Bolsonaro. O que causou principalmente a queda nas pesquisas foram as gigantescas manifestações que ocorreram de maio a agosto, sem interrupções, e levaram milhões às ruas. Foram estas manifestações massivas que impulsionaram a crise política e fizeram a Câmara Federal e o STF se moverem, não o contrário.

8. Lamentavelmente, setores da socialdemocracia com a política de Frente Ampla não concordaram em radicalizar os atos, nem na forma nem no conteúdo. Evidentemente, não devíamos ficar apenas desfilando nas avenidas, sem propor, nem impulsionar greves de trabalhadores e marchas a Brasília. Não demos consequência para a derrubada do governo e não passamos confiança para o povo que esteve nas ruas. Outro problema é que não foi impulsionada a pauta de interesse dos trabalhadores como a revogação da reforma trabalhista e previdenciária.

9. Tudo isso, de fato, representou a concessão de espaços políticos ao bolsonarismo, que partiu para o ataque nas pautas econômicas, atraindo seus aliados neoliberais. Promoveu nesse curto momento a privatização dos Correios, a retirada de mais direitos, o roubo das terras indígenas, a destruição do serviço público, etc. Somado a isso, promoveu uma ofensiva política colocando tanques em frente ao Parlamento e ameaçando o STF. De fato, não existe espaço vazio em política, o fato de o campo popular não ter feito uma ofensiva no momento correto deu espaço para o fascista recompor suas forças.

10. No entanto, independente do resultado do 7 de setembro, não significa que Bolsonaro tenha recuperando popularidade. Ele mobilizara sua base reacionária, que lucra milhões à custa do Estado. São os banqueiros, grandes empresários, pseudo-evangélicos, o agronegócio, que se beneficiam da política vende-pátria de Bolsonaro. Do outro lado, a imensa maioria dos trabalhadores, desempregados, vivendo numa miséria crescente, querem a imediata derrubada de Bolsonaro.

11. Enquanto Bolsonaro dará uma cartada buscando uma perspectiva para sua base reacionária, nós estaremos no combate para derrubá-lo. Devemos compreender que, sem dúvida alguma, somos mais fortes porque representamos milhões e milhões de trabalhadores que foram às ruas e das ruas não sairão. Somos as vítimas das chacinas, do desemprego em massa, dos despejos, da falta de liberdade e das mortes por Covid.

12. A crise do capitalismo é mundial, ela se aprofunda e a política neoliberal não resolve, está esgotada e representa uma perversa exploração para os povos da América Latina. Bolsonaro, como representante da política ultraliberal, está com os dias contados. Nossa luta é parte de uma grande luta de classes que se desenvolve na América Latina e que derrubou inúmeros governos capitalistas. Por isso, devemos manter com firmeza nossas bandeiras por direitos sociais e contra o capitalismo.

13. Nesse caminho é uma tarefa urgente derrubar o governo fascista de Bolsonaro com o Povo na Rua, sem ilusão com a burguesia e suas instituições. Só assim teremos uma real mudança na conjuntura e na correlação de forças, que será capaz de retomar os direitos sociais e trabalhistas; recuperar empresas estatais privatizadas; reorganizar o serviço público de qualidade; combater a carestia e valorizar os salários e os empregos.

14. Assim, avançamos a consciência dos trabalhadores de que o problema principal não é um governo apenas, mas o sistema de exploração que causa as crises e as despeja sobre os ombros da classe trabalhadora. Portanto, a saída não está na aliança com os neoliberais, nem na conciliação de classes. A saída está na socialização dos meios de produção e na construção do socialismo como alternativa.

Wanderson Pinheiro