As condições de vida do povo pobre em nosso país só pioram com o avanço da COVID-19. Os casos notificados, que, estima-se, sejam até 14 vezes menor do que os casos reais, já chegam a 363 mil brasileiros. Destes, mais de 23 mil pessoas perderam suas vidas, deixando familiares e amigos a lamentarem a perda de seus entes queridos, sem sequer lhes poder dar um sepultamento digno. Agora, são cerca de mil mortes notificadas por dia, cada vez mais atingindo o povo pobre do nosso país. Segundo dados do próprio Ministério da Saúde, a partir do mês de abril, a maioria dos mortos por COVID-19 passou a ser negros e pardos, demonstrando o enorme racismo institucional que existe no país e como a pandemia chegou de forma muito violenta às periferias.
No serviço público de saúde, o quadro é de superlotação, falta de leitos e de respiradores. Cresce o número de profissionais de saúde contaminados devido à falta de equipamentos de proteção e às péssimas condições de trabalho, além do estresse a que estão submetidos.
A crise de saúde se desenvolve num cenário de grave crise econômica, que lança, sobre a população trabalhadora, como se fosse uma maldição, o desemprego, a falência de pequenas empresas e a fome. Por isso que milhões de pessoas se encontram hoje sem renda. Quando muito, tentam sobreviver com os R$ 600 que receberam do auxílio emergencial, sem falar dos 8,3 milhões de trabalhadores que ainda não receberam a primeira parcela do auxílio; e dos 5,3 milhões de cadastros ainda em análise, além da absurda demora do governo de pagar a segunda parcela.
No meio desse caos, o presidente da República, o fascista Bolsonaro, além de tentar amenizar sua incompetência para tirar o país dessa grave crise, piora ainda mais a situação, causando a demissão do segundo ministro da Saúde antes que ele completasse 30 dias no cargo; tenta, de várias maneiras, interferir na atuação da Polícia Federal, como ficou comprovado com a divulgação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, além de seu evidente autoritarismo e despreparo e dos demais integrantes do seu governo.
Para piorar toda essa situação, surgem novas denúncias contra Flávio Bolsonaro, como as que foram divulgadas em 17 de maio na Folha de S. Paulo por seu suplente, o empresário Paulo Marinho. Aliás, as denúncias são diariamente veiculadas pelos grandes meios de comunicação que não se alinham ao governo, como a Globo e a Folha.
O desembarque de ex-aliados do governo, tais como os ex-ministros da saúde e o golpista ex-juiz Sérgio Moro, revela que o governo segue caminhando para o isolamento e, via de consequência, ao autoritarismo e à corrupção.
Os cargos de mando no governo vão sendo ocupados cada vez mais por militares, ao passo que o Planalto negocia cargos com o chamado “Centrão” (grupo de parlamentares mais corruptos e vendidos do Congresso Nacional, caracterizados pelo “toma-lá-dá-cá”) tentando criar uma barreira aos 2/3 necessários para aprovação do impeachment.
De costas para os problemas nacionais, o ministro Paulo Guedes segue firme defendendo a drenagem do dinheiro público para enriquecer os banqueiros, principalmente por meio da chamada dívida pública, querendo vender a preço de banana todas as empresas públicas e riquezas naturais do povo brasileiro.
Na medida em que se revela mais enfraquecido, sofrendo sucessivas derrotas, tais como o adiamento do Enem e a não inclusão em pauta de várias medidas provisórias, revela também sua tendência ao autoritarismo, sonhando em promover um novo golpe militar. Para criar, artificialmente, um suposto cenário de “apoio popular”, apoiadores do fascismo promovem acampamentos em Brasília e atos onde tremulam bandeiras estrangeiras, tais como a dos EUA e a de Israel.
Apesar da procrastinação do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM), em relação aos mais de 30 pedidos de impeachment, existe a possibilidade de o ministro Celso de Melo, do STF, interpelar Maia sobre a falta de prosseguimento de todos esses pedidos. Vários partidos, inclusive da pequena-burguesia, já se posicionam abertamente a favor do impeachment.
Sem depositar ilusões de uma saída fácil ou de uma grande transformação advindas apenas do Congresso Nacional (que é praticamente o mesmo que aprovou o impeachment de Dilma, a nefasta Reforma Trabalhista e a cruel Reforma da Previdência) ou do STF (que, por várias vezes, tomou decisões para agradar os generais), nós, da Unidade Popular, dizemos sim ao impeachment e chamamos o povo a irmos além.
Queremos o fim desse governo, pois a sua continuidade significa prolongar mais ainda o sofrimento do povo. Não podemos demorar mais, já que a saída de Bolsonaro antes de completar dois anos de mandato pode permitir a convocação de novas eleições para presidente, podendo ocorrer junto com as eleições municipais deste ano.
A tarefa central dos militantes da UP é desenvolver a consciência revolucionária da classe trabalhadora e de todas as vítimas do caos trazido pela crise do capitalismo e pela crise de saúde; defender o socialismo e o poder popular como alternativa para a crise. Devemos ainda garantir a nossa segurança e a do nosso povo, tomando todos os cuidados quanto à transmissão da COVID-19. Portanto, caso precise sair de casa, só faça isso com o uso de máscaras, garantindo o distanciamento social e o uso frequente de álcool em gel.
O centro de nossa atividade deve continuar sendo construir um amplo movimento de massas, que, neste momento de isolamento social, pode se expressar por meio de panelaços nos bairros pobres, além de seguirmos fortalecendo os atos de solidariedade nas comunidades. Nenhuma mudança profunda ocorrerá sem grandes mobilizações populares.
As medidas econômicas que podem melhorar a vida do povo e fazer frente aos efeitos da crise, pelas quais lutamos, são: o fim da sangria da dívida pública; o congelamento dos preços de alimentos; a nacionalização das nossas riquezas; a reforma agrária; o fim das demissões e a garantia de emprego para todos os trabalhadores; o direito à memória e à justiça, com a consequente punição aos torturadores: ditadura militar nunca mais!
FORA BOLSONARO!
POR UM GOVERNO POPULAR!
IMPEACHMENT, SIM!