O ato que está sendo convocado pela direita liberal para o dia 12 de setembro não tem nenhuma representatividade popular. Trata-se de setores da burguesia que deram apoio ao fascismo e ainda hoje defendem todas as pautas econômicas ultraliberais do Governo Bolsonaro. Este bloco foi às ruas defender o golpe em 2016 com o objetivo de aprofundar a exploração da classe trabalhadora, retirar direitos sociais e trabalhistas conquistados com muita luta (vide Emenda Constitucional 95 e reforma trabalhista). Também pautou no Congresso projetos de lei como o “escola sem partido” e diversos outros projetos de cunho ideológico de viés homofóbico, racista e machista.
Na prática, aderir ao ato do dia 12 significa se colocar a reboque dos neoliberais, ou seja, um enorme erro. Aliás, é preciso dizer que o neoliberalismo pavimentou a ascensão do fascismo no Brasil, na medida em que, à frente de diversos governos, sempre reprimiu as lutas da classe trabalhadora, realizou inúmeros de despejos violentos contra as famílias sem teto e acoberta os crimes policiais contra os jovens pretos nas periferias. Na prática, portanto, não tem nada de democrático.
Para derrotar Bolsonaro, devemos trabalhar intensamente pela unidade da classe trabalhadora. Isso significa romper com a insistente política de setores da socialdemocracia de conciliar com a grande burguesia brasileira, essencialmente antinacional e antipopular. Significa também construir um amplo trabalho de base, de agitação política e de luta junto à classe trabalhadora pelas suas necessidades mais imediatas, pelos seus interesses presentes e futuros. Neste sentido, em nossa compreensão, a luta contra Bolsonaro deve estar alinhada à luta contra as reformas trabalhistas e previdenciárias; contra as privatizações; contra o marco temporal; pautas com grande capacidade de mobilização.
Devemos, assim, radicalizar nas pautas e nas táticas das nossas manifestações para darmos um salto de qualidade nos atos. De fato, foi o campo popular que realizou as gigantescas manifestações de maio a setembro, e devemos, portanto, não só dar continuidade aos atos, mas aprofundá-los. A necessidade que se apresenta é de combater um golpe que já está em curso com uma grande contraofensiva, estrategicamente centralizada e com todas as nossas forças. Esta estratégia não é possível com o liberalismo estando à frente.
Não fazer isso representa, por um lado, a abertura de espaço ao golpe fascista, e, por outro lado, a busca pela conciliação com as políticas neoliberais dessa direita golpista, entreguista e serviçal aos interesses do imperialismo, que tem como principal objetivo aumentar a exploração da classe trabalhadora para manter seus lucros.
O que necessitamos é radicalizar nas pautas, defender o impeachment, mas ir além desses limites institucionais, apresentando um programa mínimo unitário, a começar pela recuperação dos direitos perdidos desde o golpe de 2016, iniciando pela revogação da EC 95, das reformas trabalhista e previdenciária e cadeia para todos os corruptos do governo, incluindo Bolsonaro, o chefe da corrupção!
Executiva Nacional da Unidade Popular